segunda-feira, 6 de abril de 2009

Semana Santa

Gosto muito da semana santa ,não só pelo feriado mas pelos "ritos da igreja " nessa época . Semrpe gostei e sempre acompanhavamos as procissões e tudo mais ..

Hoje quero deixar aqui esse texto lindo da Dea Januzzi ,uma jornalista que escreve no jornal Estado de Minas .

" Passos de vida e paixão
No Domingo de Ramos vou reacender a minha chama interna que insiste em tremular diante de tantas perdas. Vou enviar sinais de vida para os meus irmãos de sangue e de afeto. Vou pegar ramos bentos para por debaixo do colchão, como fazia minha mãe e eu nem sempre entendia. Ela voltava da missa com os ramos molhados de água benta e não hesitava em guardá-los até o próximo Domingo de Ramos. Vou acender luzes na escuridão dos com as muitas perdas que verde, esperança, sinais de vida, solidariedade
Na segunda-feira, dia de procissão de Nosso Senhor dos Passos vou entregar a minha cruz que vem pesando há tempos. Vou fazer as pazes com Deus e até rezar numa igreja. Vou olhar para os vitrais coloridos e fazer um exercício de perdão, ajoelhar em sinal de respeito e rezar Pai Nosso que estais no céu perdoai os nossos pecados. Vou tirar a cruz dos ombros das minhas irmãs que até hoje choram a morte da mãe. Vou dar colo para Rosina que vive enxergando a mãe nas nuvens do céu. Vou seguir os passos de Kátia, arrancar dela a luz do entusiasmo que insiste em se apagar. Vou ajudá-la a redescobrir o seu Deus interno. Vou pegar nas mãos de Vera, minha irmã mais velha e falar em ternura, deixá-la andar por todo o Bairro Cidade Nova, observando as quaresmeiras como fazia a sua mãe.
Na terça é dia de procissão de Nossa Senhora das Dores, que tem punhais atravessados no coração pela dor do filho na via-crúcis. Vou dar colo para a leitora Eliana Zanforlin que sente "a dor de entrar no quarto do filho que já morreu. Vou relembrar junto com a leitora, o calvário de Renato, 26 anos, doutorando em matemática, filho único, orfão de pai desde os três anos, em cujo corpo repentinamente surgem hematonas que nunca mais desapareceriam. Diagnóstico: aplasia da medula. Internações, transfusões, exames e mais exames, hemorragias. Dia 9 de setembro - a morte nos braços da mãe. E as roupas, os livros, os móveis que chegaram do Rio - onde residia há dois anos ? Como apagar os e-mails? E os telefonemas aos domingos? E o barulho da chave na porta? Dor compartilhada dói menos?", diz ela entre uma via-crúcis e outra.

Na Procissão do Encontro, de quarta-feira, Nossa Senhora das Dores se encontra com o filho, para que eu possa falar de outros encontros e desencontros. Vou reeditar a amizade que anda perdida por aí, e encontrar-me com os velhos e os novos amigos. Vou aproveitar para mandar lembranças à Vera, Celeste, Virgínia e dizer à Mariângela lá em Sete Lagoas que um país chamado Brasil é um lugar encantado, que não só dá para viver como lutar por ele. Que apesar da desesperança, o verde e amarelo ainda corre solto nas veias.
Na quinta-feira, vou dizer que não dá mais para lavar as mãos diante de tanta mediocridade. Vou me ajoelhar diante de santos pouco ortodoxos, como a gente encontra pelas ruas. São pessoas simples que nos dão lições de vida a todo instante. São pessoas que passam por nós e a gente não as reconhece porque não têm poder nem fazem questão de ter. São pessoas comuns como o pedreiro Wilson que é tem o dom de consertar a casa da gente e o eletricista Waldeci que liga e religa os nossos pontos perdidos. Vou me ajoelhar diante do senhor que todos os dias passeia com um cão muito velho, ambos no mesmo passo.
Na Sexta-feira da Paixão, vou enterrar todas as mágoas, angústias, todo o desespero. Afinal, não foi por nós que Ele morreu pregado na cruz? Na procissão do enterro, vou sepultar as minhas aflições e dar asas aos meus sentimentos. Vou sepultar o ódio, a violência, a dor de todo dia, o martírio de mulheres que jamais vou esquecer o sofrimento de seus filhos.
Na sábado santo vou continuar dizendo aleluia, mesmo que já não se use mais a expressão. É dia de alegria, de queimar os judas da vida de todo dia, de deixar de negar as nossas fraquezas, dúvidas e pecados. É dia de abraçar os filhos, os conhecidos, os estranhos que passam por você. É dia de dar bom dia a todos indistintamente.
Mas é no Domingo da Ressurreição que eu vou recomeçar de novo. Muito mais do que no primeiro dia de 2009 é na Páscoa que vou me lambuzar de esperança, de sonhos e de novos projetos de vida, para lembrar que estou viva e ressurgi das cinzas.

Déa Januzzi

5 comentários:

Lisa Nunes disse...

Andrea, eu tambem gosto muito do feriado de páscoa, acho que até mais do que o Natal. Adorei o texto da Dea Januzzi, ela nos faz refletir sobre o verdadeiro sentido da Páscoa. Diz pra Marília que estamos com saudades dela. Beijinhos pra você

Andrea disse...

Lisa ,quero te desejar boa Páscoa.
A Marilia esta passeando com o marido ,mas chega hje .Mas ela falou que ta com problema no blog não esta conseguindo postar nada ,,espero que arrume fico com saudades dos posts dela;;

Andrea disse...

Lisa ,quero te desejar boa Páscoa.
A Marilia esta passeando com o marido ,mas chega hje .Mas ela falou que ta com problema no blog não esta conseguindo postar nada ,,espero que arrume fico com saudades dos posts dela;;

Mônica disse...

Andrea
Eu adorava o feriado de semana santa. Sempre saiamos de varginha e iamos para outra cidade, Araxá ou Santo Antonio. E aproveitavamos além de rever os parentes participar dos atos religiosos. São belos em qualquer lugar. E o sheiro de insenso é o que mais me encanta.
Hoje também é bonito. Estavamos indo na missa de madrugada no Belvedere e foi tão bom!.
Como será em Oliveira?
Com amor Monica

Anônimo disse...

Que texto lindo. Adorei. Ainda bem que o blog voltou a funcionar do nada. Hj vou escrever algo sobre a viagem. Lisa, também fiquei com saudades de todas vocês. Vou dar uma passadinha no seu blog. Beijos até. La.